Ao longe, ouve-se o barulho do trem. À medida que se aproximava, Magnólia ficava cada vez mais bonita para mim, que observava pacientemente por uma de suas janelas. Eu mexia impacientemente em uma moeda, que por pouco não saltava de minhas mãos em direção ao ladrilho do piso.
Quatro e meia, olhava no relógio, quando saí da estação. Observei ao meu redor, e não consegui identificar nenhum mago ou uma pessoa que pudesse me dar alguma informação útil. Então me dirigi ao primeiro bar que conseguia ver, pedi para usar seu banheiro, e me tranquei em seu interior.
- Archive! - disse, ativando assim minha mágica. Um círculo brilhante saiu de minhas mãos, e em minha frente apareceram uma tela e um teclado, ambos hexagonais.
- Vejamos... M-A-G-N-O-L-I-A... - soletrei, enquanto digitava rapidamente as letras - Mapa de Magnólia? Deve servir. - e comecei a "baixar" o arquivo. Em poucos segundos, a imagem da planta da cidade aparecia em minha mente. Saí do banheiro, agradeci, e me dirigi à avenida principal, em direção à Guild.
...
Um tempo depois, andando por aquela avenida, avistei a Catedral Caldia. Agora é só contorná-la pela esquerda e chegar à Guilda, pensei. Mas algo me chamou a atenção: um homem, de roupas acinzentadas e números de identificação corria em minha direção. Sabia que coisa boa não era, portanto improvisei.
- Com licensa, onde é a Guilda da cidade? - perguntei inocentemente.
- Sai da frente ruivinha! - respondeu, enquanto me empurrava para o lado, e passava correndo. Me joguei no chão de propósito, para encenar melhor, e não demorou muito para que dois guardas fizessem o mesmo trajeto.
- Quem é ele? - perguntei a um dos guardas, enquanto me ajudava a levantar.
- Guei Normand, um fugitivo. Melhor não encontrá-lo denovo. - respondeu.
- Guei Normand... - refleti o nome em minha cabeça.
- Você viu para onde ele foi? - perguntou o outro guarda.
- Para lá. - e apontei para uma direção completamente diferente.
Enquanto eles seguiam meu trajeto, rapidamente me escondi em um beco nas proximidades.
- Archive! - e novamente abri meu painel de informações - Vejamos... GUEI NORMAND... aqui! Ficha criminal.
Na tela mostrava algo como uma lista de fugitivos da polícia. Como eu tecnicamente o conhecia (sabia sua aparência, nome e tom de voz), consegui acessar rapidamente sua ficha criminal. Havia uma foto do homem: careca, com uma cicatriz abaixo do olho direito; uma ficha básica com dados não relevantes, e um texto em vermelho: PROCURADO RANK D - GUNS MAGIC USER.
- Esta será interessante... acho que mudarei meu caminho por enquanto...
...
O homem da cicatriz corria por entre becos, invadia lojas e saía por seus fundos. Percorria como uma rota de fuga planejada, até que se deparou com um obstáculo: um muro, recém construído, fazendo assim daquele um beco sem saída.
- Merda... pular irá demorar muito, e quebrar irá chamar a atenção... - refletia em voz alta o fugitivo.
- PARADO AÍ!
Ele olhou para trás, assustado, e se deparou com um vulto feminino, de cabelos vermelhos. Suspirou, e deu uma gargalhada.
- Quem você acha que é para falar assim?
- Ninguém. Mas eu sempre quis dizer isso...
Nos braços do homem apareceram dois selos mágicos, logo após se transformando em duas pistolas brancas, com detalhes não importantes. Ele apontou as duas para minha cabeça, dando um espaço de aproximadamente cinco metros de distância de mim.
- Como você me achou? - perguntou, esbaforido.
- Eu simplesmente olhei no mapa as áreas menos vigiadas pelos guardas. E sabia que você ainda não sabia deste muro, foi feito há dois dias atrás.
Ele recarregou o cartucho, tentando me assustar, mostrando que estava pronto para matar a qualquer instante.
- Atire o quanto quiser. Já mandei uma mensagem para os guardas. Logo estarão aqui.
- Sua... sua...
O instante foi lento. Ele apertou o gatilho, saindo assim duas balas das armas. Tive tempo o suficiente de passar a mão na minha frente, aparecendo assim um grande painel hexagonal, que conseguiu rebater o efeito dos tiros.
Force Shield.
O homem repetiu o movimento, mas atirando muitas vezes, e a maioria das balas era rebatida, senão mudavam de rota e batiam nas paredes ao lado.
- Cansei agora. Re-equip! - exclamou Guei.
As armas se juntaram, e com a ajuda de um selo mágico, se transformaram em uma grande bazuca. Com um pouco de dificuldade, colocou nos ombros, e se preparou para atirar. Cinco marcas brilhantes apareceram em meu corpo, mostrando ser claramente um Wide Shot.
- Pronta para morrer? Este seu escudinho não é páreo... - ameaçou o homem.
- Force Blast. - disse, calmamente.
Um pequeno hexágono apareceu em sua frente, e rapidamente explodiu, conseguindo assim destruír a parte frontal da arma. Mas o dano foi grande o suficiente para abrir buracos nas paredes ao redor. O impulso o fez desequilibrar, e escorregou para trás, batendo a cabeça no muro e perdendo a consciência.
Com o homem, já desmaiado no chão, apareceram os guardas. Eles amarraram o careca, e um deles se virou para mim, dizendo:
- Obrigado pela ajuda! Aqui está a recompensa. - e mostrou um saco de dinheiro em suas mãos. Mal pude tocá-los, completou - Mas será todo gasto nos reparos deste beco, que a senhorita causou.
Um pouco desanimada, me virei para trás, e voltei para a avenida, me dirigindo novamente para a guild. Será que esse deslize do beco interfirá na minha inscrição? pensei, enquanto olhava para a Catedral Caldia, que aos poucos ia se distanciando, mostrando ao fundo a guilda Fairy Tail.