A noite aproximava-se e uma leve brisa preenchia o local, como que a anunciar a partida de do pequeno rapaz que tinha a ambição de se juntar a uma Guild. Após ter o necessário para sobreviver durante alguns dias, desde roupa a comida, Balmung saiu de casa sem se despedir dos seus pais. Preferia partir assim, sem ver as caras tristes dos seus progenitores ao verem-no dar o seu primeiro passo de independência, contudo não conseguiu evitar algumas lágrimas ao lembrar-se das palavras do seu pai "Estás destinado a fazer grandes coisas. O teu lugar não é aqui a ver o tempo passar e sim lá fora onde poderás fazer algo pelos outros."
Com tais palavras em mente o rapaz de cabelo multicolor iniciou a sua viagem, dirigindo-se até à estação de comboios. Após alguns minutos de caminho pela cidade chegou por fim ao edifício a que se dirigia, apressando-se a comprar o bilhete e a embarcar na sua carruagem – Não te vou desiludir pai.. – pensou enquanto arrumava a sua mala por cima do banco em que se ia sentar. Ao se assegurar que a sua bagagem estava bem arrumada e que não lhe ia cair em cima, sentou-se e olhou para o lado exterior da janela a observar as pessoas na estação. Segundo o horário da estação ainda faltavam alguns minutos para que o comboio partisse e foi durante esse tempo que a dúvida se apoderou de si, deixando-o a questionar se teria feito a escolha certa.
Enquanto o rapaz se deixava perder nos seus pensamentos e indecisões a hora do comboio partir havia finalmente chegado, mas para mal dos seus pecados algo de mal ocorreu; no exacto momento em que o veículo ferroviário se preparava para partir, um enorme estrondo ocorreu na sala onde o motor de vapor se situava. Isto fez com que Balmung acordasse do seu transe e começasse a olhar, confuso, em seu redor. Os passageiros do comboio pareciam tão ou mais confusos que ele e mostravam um certo ar de receio – Que se passou? – perguntou o jovem mago a um passageiro que se encontrava no banco em frente ao seu, um homem com uma certa idade e com um ar ensonado. Certamente havia sido desperto pelo estrondo que ocorrera – Ah meu filho, acho que o motor do comboio explodiu.
Ao ser informado daquilo agradeceu ao velho senhor e levantou-se do seu local, dirigindo-se em seguida até às sala das máquinas. Percorreu as carruagens do veículo, passando por alguns passageiros em pânicos, e só ao fim de uns minutos é que encontrou um grupo de maquinistas que se encontrava reunido à porta daquilo que aparentava ser a casa das máquinas. Rapidamente disse-lhe que tinha ouvido rumores sobre o motor do comboio ter explodido e pediu para que lhe confirmassem se assim tinha sido. Um dos maquinistas, o mais alto, ao ver a preocupação do jovem avançou e deu-lhe todos os detalhes necessários sobre a situação do comboio, pedindo que este guardasse segredo como forma de não alertar os outros passageiros. Pelo que lhe disseram o motor havia explodido devido a ter sobreaquecido e que era necessário refrescá-lo com água como forma de tornar seguro a subsituação do mesmo – Eu acho que posso ajudar! – afirmou com um sorriso enquanto pedida autorização para prestar os seus serviços. Apesar de relutantes ao inicio o grupo de maquinistas concordou que toda a ajuda era bem-vinda, abrindo-lhe a porta para dar passagem.
Uma vez dentro da casa das máquinas Balmung deparou-se com um aglomerado de fumo preto, colocando a sua mão na boca como forma de evitar engolir fumo. Lá dentro encontrava-se aquilo que aparentava ser um mecânico ajoelhado no chão e de volta do motor, lançado algumas pragas quando os seus esforços resultavam na libertação de mais fumo do motor. Um pouco tímido chamou a atenção do senhor e informou-o que talvez pudesse ajudar. Desconfiado do rapaz, o homem lá acabou por lhe dar o enorme balde de água fria que tinha ali para refrescar o motor. Havia chegado por fim a hora de mostrar aquilo de que era capaz. Concentrando-se na água que jazia dentro do balde, Balmung começou a fazer alguns gestos com a sua mão esquerda como que a guiar o líquido para cima do motor. A custo, devido ao fumo lhe incidir sobre os olhos, lá conseguiu concluir a sua tarefa o que provocou a libertação de mais fumo. Contudo, ao contrário do anterior, aquele era o fumo naturalmente provocado quando uma coisa quente é exposta sob algo frio.
Terminado a sua ajudar saiu por fim da casa das máquinas, um pouco sujo, acompanhado do mecânico que tinha uma estatura pequena e larga e uma barba estranhamente laranja – Obrigado rapaz! – agradeceu o pequeno mecânico, assim como os maquinista, enquanto o levavam de volta até ao seu lugar. Era agora uma questão de horas até que o motor fosse trocado, mas isso não importava; havia decidido que realmente estava a tomar a atitude certa ao procurar uma Guild.