-- Que fofinho!
Aqueles olhos brilhantes e vazios precisavam de seu dono e Meg não poderia deixar aquela bola fofa de pêlos vagar até morrer naquelas ruas frias e medonhas. Claro, todo esse drama era fruto da imaginação agitada de Meg.
O céu estava claro e o Sol radiante, tempo perfeito para andar e procurar o dono do pobre filhotinho, agarrando-o em seus braços e pressionando o cão contra o peito, Meg seguiu andando, puxou a coleira do cão para ver seu nome:
-- Vamos ver seu nome -- havia uma medalhinha de metal meio velho escrito "Tobi" -- Tobi? Então tá, vamos atrás do seu dono ou dona, Tobi.
Ela andou a procura de notícias sobre o cão a cidade toda mas não encontrou nada, Meg andou e andou e se deparou com uma favela:
-- Aah, ai eu não entro, de jeito nenhum.
As pessoas foram sumindo e o Sol foi perdendo seu brilho, estava ficando tarde, era frustrante não encontrar alguma dica ou alguém que ajudasse:
-- Ah, não deve ter mais ninguém pelas ruas, vamos dar uma olhada por ai.
Tudo parecia mais escuro na favela, olhares noturnos saiam das janelas das casas e Meg estava ficando cada vez mais assustada olhando para os lados o tempo todo:
-- Ai credo, por acaso não é aqui que você mora, né Tobi?
O cãozinho latiu, sua voz fina ecoou por toda a favela, Meg virou-se para frente e viu um senhor careca, de barba branca e os olhos cobertos pela sobrancelha coberto com um capuz:
-- Ern... Olá, posso ajudá-lo? -- disse Meg.
-- Meu... meu cãozinho.
Tobi continuava a latir e ainda mais alto:
-- Acho que o senhor está se confundindo, esse cão não parece ser seu.
-- Com certeza ele é, foi eu quem mandou a missão, eu o perdi, pode devolver?
O velho foi se aproximando, Meg ficou parada analisando a situação:
-- Claro, aliás, eu estou curiosa, qual o nome dele?
-- Huum... É Spooky.
-- Ahh, tome -- Meg esticou os braços e entregou o cão para o velho -- Até mais ver.
O senhor pegou o cão e foi se afastando, Meg subiu em um poste, pulou encima de uma casa e seguiu o homem de cima, com certeza aquele cão não era dele e Meg estava determinada em saber o que o homem queria com o cão. Depois de um tempo, o homem começou a olhar para os lados e saiu correndo, Meg se assustou, um homem daquela idade correndo?! Ela o seguiu, um brilho dourado tomou o corpo do homem e ele mudou de forma, era mais jovem que antes, tinha os cabelos repicados loiro-escuro, parecia um atleta, seu corpo era bem definido para um mago:
-- Maldita poção, acabou muito rapido -- disse ele.
Ele correu até um beco bem estreito, Meg pulou das casas e entrou no local, era tudo muito escuro, sujo e fedorento, haviam pessoas encapuzadas e mal encaradas encostadas nas paredes do corredor, Meg se esgueirava para não tocar em nada e nem ninguém enquanto descia umas escadas tortas. Desceu até chegar uma única porta negra, latidos fortes e choros do cão saiam da porta, Meg sacou o arco, seus cabelos brilharam e passou a mão nele para fazer uma flecha de luz:
-- 1, 2, 3.
Com um chute, Meg arrebentou o trinco, o rapaz estava segurando o cão contra a parede com uma faca apontada para o seu peito:
-- LARGA O CÃO!
O rapaz se virou para Meg.
-- O quê? quem é você?
-- Não se faça de sonso, eu te segui.
-- É... eu ja disse, o cão é meu.
-- O Spooky pode até ser, mas o Tobi não -- o homem passou o dedão na medalinha e viu o nome "Tobi" grifado. Meg disparou a flecha, ela perfurou a mão do rapaz que largou o cão, a flecha logo se desfez em um pó brilhante, mas a ferida não:
-- Ai, maldita!
O cão correu para trás de Meg.
-- O que queria com o cão -- Meg passou a mão no cabelo de novo e puxou outra flecha.
-- Isso lhe...
Meg disparou outra flecha, foi em direção ao rosto, mas se desfez segundos antes de acertar o alvo, batendo apenas pó brilhante no rapaz.
-- Fale, você não tem escolha.
-- Eu... Eu ia matá-lo, iria ressucitá-lo e pegar seus dentes, agulhas feitas de dente de cães filhotes mortos-vivos são muito raros.
-- Huum, então temos um vendedor de mercado negro.
-- Eu diria, um estoquista de artigos exóticos.
-- Há, claro.
Meg baixou o arco e pegou o cão, nesse momento o rapaz apontou as mãos para Meg e gritou:
-- Bone Sword!
De dentro do pulso do rapaz saiu uma estaca de osso pontiaguda, ele partiu para cima de Meg, deferiu vários golpes, mas Meg conseguiu desviar, o rapaz avançou a espada em sentido horizontal, mas Meg agachou e aproveitou para girar o cabelo, a luz bateu nas pernas do rapaz como ácido, Meg ergueu o arco e pegou uma flecha do cabelo a atirou na perna do garoto, que caiu de joelhos gritando, Meg deu um chute com o pé aberto no rosto do garoto e ele caiu com o nariz sangrando.
Depois de um tempo Meg voltou no local com um policial, estava o garoto caiu, todo ensanguentando no rosto com duas flechas nas mangas das blusas, imobilizando as mãos a fazer uma magia.
-- Hum, esse é o Cyrus Bownes.
O policial tentou puxar a flecha, mas não conseguiu:
-- Pode tirar?
-- Posso, mas pode ser que ele faça algo.
-- Não se preocupe, sou do conselho.
Meg estralhou os dedos, as flechas se desfizeram a pó, o policial ergueu Cyrus, que estava com a perna machucada, quando estavam próximos a saída da sala, Cyrus se jogou para trás, caiu encima de uma mesa, se arrastou até um armário com vários itens brilhosos e esquisitos, pegou uma espécie de bolinha-de-gude laranja e a jogou no policial, foi tudo muito rápido, Meg quando não conseguiu ver, a bolinha atingiu o policial, uma onda laranja percorreu o corpo do guarda e ele foi arremessado bem longe e a bolinha caiu no chão.
-- Bones Ball.
Meg voltou-se para Cyrus, ele estava dentro de uma roda feita de ossos, ele começou a girar e a roda também, saiu rodando numa velocidade absurda que Meg não conseguiu acompanhar. Meg foi ajudar o policial:
-- Você está bem?
-- Vou sobreviver, ele fugiu?
-- Fugiu.
-- Teremos que investigar.
Meg ajudou o policial a se levantar, Tobi veio latindo da casa abanando o rabinho e pulando eufórico.
-- Tenho que encontrar o dono desse cão.
-- Então vá, eu ficarei bem.
Frustração dupla, não achava o dono do cão e não conseguiu prender o vendedor do mercado negro, Cyrus. Meg se encontrava sentada na beira de uma passarela de madeira segurando o cão contra o peito olhando para o reflexo da Lua:
-- Ai mãe, acho que não irei conseguir entrar na Fairy Tail, fiz uma bagunça tremenda lá trás tentando pegar aquele cara, e ainda por cima não consegui... -- ela parou e olhou para Tobi, ele se levantou e lambeu o rosto da garota -- seria tão bom se você me ajudasse ou voltasse a falar comi...
A imagem da lua tremeu, uma pedra havia caído na água, Meg notou que havia alguém atrás dela, ela se virou e viu um garotinho, pequeno, com alguns furos na roupa, seus olhos vazios e tristes brilhavam:
-- TOBI!
O garoto empurrou os braços de Meg e pegou o cão:
-- Tobi, tobi, tobi! Que felicidade -- o garoto virou-se para Meg -- ei, foi você que achou meu cachorrinho?
-- Ern... foi sim. Megzinha -- Meg mostrou com os dedos o "V" de vitória e piscou dando um sorriso.
-- Muito obrigado mesmo, estava com tanta saudade dele.
-- Que fofinho -- susurrou Meg vendo o garoto se distânciar.
Uma corrente de felicidade correu pelo corpo de Meg, ver aquele pobre garoto feliz por ver seu cãozinho de novo foi algo tão animador que Meg notou que estava no caminho certo, a profissão que queria, ser alguém que ajudava os outros, ser uma maga da Fairy Tail.